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sábado, 10 de julho de 2010

CRONICAS AMAZONICAS

Do Rio para Brasília, onde encontrei uma parte do grupo que seguiria até Rio Branco onde já estavam meus netos, filha e genro que haviam ido pela manhã, para compra dos suprimentos necessarios, além de outras pessoas, para seguirem para o " Céu do Mapiá", no Amazonas. Minha filha, para dar inicio à sua pesquisa-ação, da sua tese de doutorado, os outros, a caminho do Festival de junho, evento importante da sua doutrina. Uma espécie de peregrinação, que mobiliza os seguidores do Santo Daime, com certa frequência, na medida do possível, atendendo a seus desejos e possibilidades financeiras. Eu, estranha no ninho, quase como turista, embora já tenha algum conhecimento dos princípios e regras que iria encontrar. Além de um grande desejo de conhecer o que em minha idéia, era uma colônia que mantinha ideais comunitários que eu buscava, nos anos 70/80 e que depois acreditei extintos, mas que vi em pleno vigor em Findhorn, Escócia, em outubro passado. Atraso na conexão do vôo, chegamos a Rio Branco às 3 da madrugada, já considerado o fuso horário, onde nos aguardava um microônibus e as crianças, alegres apesar do horário. Embarcamos todos, metade do ônibus ocupado por bagagens e provisões e seguimos. Cantavam hinos religiosos, numa alegria de encontros e reencontros, sustentados pela fé, até que aos poucos adormeciam. Eu não preguei o olho, medo de que um dos meninos rolasse e caísse do banco do ônibus, preocupação desnecessária, dormiam profundamente, os espaço entre bancos estava parcialmente preenchido com mochilas. O onibus balançava na rodovia, cheguei a pensar em falhas do motorista ou do ônibus. Após mais ou menos 70 km, a estrada torna-se de terra. Buracos e buracos. Os 210 km de Rio Branco até Boca do Acre, que apesar do nome ja fica no Amazonas, levariam mais de 6 hs para serem percorridos. Imagino como seria no "inverno" que é como é chamado o periodo das chuvas. Embora em todo o hemisfério sul estivéssemos no inverno, lá é considerado verão, a época de seca. Fora do ônibus eu não via nada além do que o farol mostrava, as estrada e capim nas beiradas. Visibilidade do entorno prejudicada pela escuridão e pelas luzes acesas dentro do veículo. Seria floresta a paisagem que eu atravessava sem ver? De repente o céu começa a se tornar cinzento, com tons avermelhados no horizonte. Tudo é pasto. De um lado ao outro. Cercas, uma ou outra porteira, um ou outro tronco ressequido destacando-se em meio a devastação. Com a pouca luz, ainda não consigo distinguir se são queimados ou apenas desfolhados pela seca, não sei. A luz já permite divisar um ou outro rancho totalmente às escuras. Estariam habitados? Quilômetros e quilômetros sacolejando em buracos e "costelas de burro", uma ou outra imensa árvore destacando-se na planície imensa. Mais tarde descubro se tratarem de castanheiras. Estas são preservadas pela sua imensa importância econômica. Logo começam a surgir pequenos bosques. Reserva legal? Mas na Amazonia, a lei determina que as reservas legais devam ser de 80% da terra, não me parece que eu esteja vendo mais de 20% de matas. Palmeiras, provàvelmente açaizeiros, acho que não fiz o "dever de casa", uma pesquisa sobre o que iria encontrar. Estou munida apenas com vagas informações que colhi ao longo da vida. O horizonte sob o céu róseo, já dá uma idéia da imensidão de tudo que me espera. Descomunal o tamanho das castanheiras. Muito maiores do que as maiores árvores que encontro em minhas andanças pela mata atlântica, ou tudo que já tenha visto. Porem escassas em meio a tanto pasto. Uma ou outra capoeira suja do pó avermelhado da estrada. Quatro horas de viagem e não cruzamos ou fomos ultrapassados por nenhum outro veículo. Não sei se posso chamar floresta a esses pequenos bosques. Passa uma kombi no sentido contrario. O céu ainda não atingiu a cor azul. São 6,30hs. Na verdade, para mim, seriam 7,30hs. Uma árvore cheia de urubus!
Nasce um imenso sol vermelho. À frente dele, uma construção solitária de alvenaria, com os dizeres "Assembléia de Deus". Logo dá para ver nos terreiros das casas de madeira, de tábuas, com telhados ondulados, de folhas de alumínio cintilando ao sol, animais domésticos, cabras, cães, galinhas , aquecendo-se aos primeiros raios de sol. Novamente asfalto, após cerca de 100 km de estrdas de terra, em meio ao amplos espaços, pontilhados aqui e alí de uma ou outra construção rústica, De uma, não se avista outra. A vastidão do espaço desolado.
E assim, de imagem em imagem, paisagem em paisagem, chegamos à Boca do Acre.

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