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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Contagem regressiva


Dessa vez, no próximo domingo, sigo para a MATA, com letras maiúsculas. Vou para uma imersão de quase 30 dias em uma pequena vila na Amazonia. Recursos materiais, precários, luz elétrica algumas horas do dia apenas, por gerador, o resto, imagino. Detesto tomar banho frio, é como se não o tivesse feito. Dispenso até os sabonetes se for o caso, mas a água, tem que ser muito quente. Adoro o mar e as aguas das cachoeiras, para contemplar, ouvir e tocar apenas com as mãos e pés, jamais com a barriga, dá cólicas... Comer, estou habituada a ser coletora. Em uma sociedade capitalista e consumista. O que chamo de coleta hoje, é, na verdade, comprar um básico onde paro minha carruagem/quartomóvel, já prèviamente abastecido com algum essencial- como biscoitos, frutas, água e sucos e guaraviton ou outro refrigerante estimulante-para-quem-não-toma-café-não-dormir-ao-volante e que na medida do possivel atendam aos critérios técnicos para uma boa alimentação tanto quanto a critérios ecológicos e sustentáveis. ( mas tem o refri...) Tudo bem que coletora por onde passo, comprando algo em pequenas padarias ou mercearias, é bem diferente de ser coletora onde se chega após 5 hs em média de barco - nas voadeiras. Tenho que planejar - aaiii...que coisa absurdamente difícil para mim, sou pessoa do imprevisto, das urgências, emergências, mas estou envelhecendo, as capacidades entram em declínio, então devo ter que planejar um mínimo para esta viagem. Será? Como não vou com recursos próprios, nem por minha conta, sigo, como sempre, para ir cuidar e ficar com os netos enquanto sua mãe, uma filha, vai fazer parte do seu trabalho de campo para seu doutoramento.(Curso este que está me rendendo grandes viagens. Benzadeus! Viu como é bom ser bom? Me comprometi, a dois anos a ajuda-la para que pudesse dar conta, com os dois pequenos, e eu que só me dou bem...Fico desfrutando da companhia, inteligência, criatividade, das experiências daqueles meninos e ainda viajando). Mas como vou de acompanhante, faço um pouco de corpo mole ante algumas necessidades de previsões em provisões, recordo a eles, ou aviso, que é assim, e vou junto.
(Agradeço à Vida!).

Minimizar bagagem. O essencial. Mas o que pode ser essencial em um mes quase-dentro da mata? De vestir, usar, comer? Eu, como um jabuti, carrego um grosso casco que me carrega, e dentro dele me ponho a salvo do que me aflige em carência, tenho o basico que posso necessitar ou eu prefiro acreditar assim . Quem foi o sábio que disse que só devemos ter o que podemos carregar? Já passei por experiências assim, por acidentes da natureza tais como desmoronamento onde eu morava , que me levou a passar uma temporada com uma mala, ou um rompimento dramático em um casamento, onde sai com uma mala, por vontade própria. E são temporárias essas experiências, meus acúmulos, o excesso que arrasto comigo, êste estará me esperando para quando voltar, voltar também aos velhos vícios, revestidos pela novidade trazida.
-Sei, só saberei o essencial para a minha mala, nos instantes que antecederão a partida. Na urgência.
E ainda organizar aqui planos A , B , e C , para a mãe, os cães, as meninas já maiores de idade que ajudam mas tambem demandam, a casa, pedir ajudas aos outros filhos, tanta coisa, mas se der certo, e dará, do domingo em diante irei sumir, mas volto. Ainda nem contei aqui tudo que me aconteceu e que vi na última viagem!



(foto da chegada em casa(?), ao entardecer, na segunda.)
São sempre surpreendentemente bonitos a aurora e o ocaso, aqui em Cabo Frio. Como os de lá, no Palmital. Não há um dia em que não tenha que parar para olhar os brilhos em que a luz plena e abundante neste lugar se transforma. Sinto-me em estado de oração à própria vida e existencia.
Coisa boa, na lista de avaliações no " ter mudado".

No domingo ao entardecer, agasalhada sob um frio intenso, ouvia os sinos da minha cidade. Cidade aristocrata, como sempre quer e engana-se ser. Uma bela e comovente musica, sem duvida, soada pelo poder dos encastelados, nas torres de um castelo, desses que encontramos formando os lugares de encontros e passeios a que chamam praça no Brasil, e castelos chamados igrejas. O chamado ressoando entre as montanhas. As ordens dos senhores temporais travestindo-se em senhores espirituais.
Mas assim é em toda urbe.
Sinto falta do clima, do frio, coisa ruim, ter mudado.

Revelação requentada:

Minha implicância com o tal do Deus-seja-quem-for é porque ele é macho! E só conheço macho-humano bastante irresponsável, negligente, egoista e vaidoso. Exatamente como identifico os deuses-homens. O que falta para que eu me renda ao que intuo é uma deusa, não apenas aspectos da deusa, que se vê em diversos rituais de diversas culturas, mas a Deusa- já apresentada conceitualmente em "Deus-Deusa tudo que É" ou RadhaKrsna, ou uma divindade maior do que a vida, maior do que esta mesquinha dualidade macho-fêmea, o uno que nosso idioma não comporta, pois o faz no masculino e a UNA tambem o reduziria a apenas um gênero, novamente parte do Todo. A questão então não é o SER, mas a PALAVRA, o Logos reduz o Ser, afasta do conhecimento, limita o infinito.
Lembrei-me agora de uma conversa tida durante a festa de um casamento com dois jovens genios em musica e surpreendentemente sábios para a idade, onde se dialogava aos moldes socráticos se musica ou a fala/escrita poderiam ser uma linguagem mais verdadeira para atingimento da compreensão. A conversa deliciosa deixou em aberto a questão, cada um convencido do que já o era, mas certamente passando a refletir e investigar sobre todos os argumentos, como fez comigo.

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5 comentários:

Gaspar de Jesus disse...

Olá Sra. Urtigão
felizmente hoje tenho tempo para lhe retribuir a visita e ler bem devagar esta belíssima lição de vida.
Dá para perceber o quanto vai ser prazerosa essa sua viagem e estadia junto dos "filhos de segunda geração"...
quando jovem e em Angola fiz algo de muito parecido, com um único contra, estava em cenário de guerra. Não fora isso, e por certo disfrutaria de um prazer algo parecido com o que a amiga via vivenciar.
Fico torcendo para que aconteça como a amiga prevê e no regresso tenha muito para nos contar.
Beijinhos
G.J.

O Tempo Passa disse...

Boa viagem! Leve minha imensa inveja, pois eu pagaria para ir onde vc vai de graça!!!

Dona Sra. Urtigão disse...

Gaspar
agradecida. E terei minha guerrinha contra os mosquitos, o clor. Srá bom, certamente.

Rubinho
e não tenho sido muito abençoada com estes filhos?
benzadeus.

Beatriz Fig disse...

A estrada Rio - SP ou ao contrário(...) sempre me rende ótimas fotos.
A gente sempre aprende que devemos curtir a vida ao máximo e isso sempre me apressou muito e me fez e ainda faz pensar que estou velha para algumas coisas, como se não pudesse mais vive-las. Engano meu eu sei! Aproveitemos a vida sim! Sempre. não importa quando, sem pressa. Boa viagem!! Saborei cada segundo. Mesmo carregando malas. =)

(Ia escrever mais, mas os grevistas tiraram minha concentração !)

Pimenta disse...

Só não esqueça de levar roupa de manga comprida e calça larga,clara,para diminuir o incômodo dos mosquitos.
E vamos arrastando as nossas malas,sejam elas quais forem!
bjo

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